Fawlty Towers: Uma sitcom britânica, comédia de situação dos anos 70, cuja dinâmica narrativa proporciona exemplos valiosos de comunicação complexa e suas falhas.
Fawlty Towers, uma das melhores sitcoms de sua geração, mas não só: A série criada por John Cleese e Connie Booth transcende seu tempo ao combinar humor físico, diálogos afiados e crítica social com uma precisão rara. Muito além do riso fácil, a sitcom britânica revela, sob o verniz da comédia de costumes, tensões de classe, frustrações existenciais e o grotesco cotidiano de uma Inglaterra pós-imperial ainda presa a etiquetas e hierarquias.
Basil Fawlty, interpretado de forma magistral por Cleese, é uma caricatura tragicômica do sujeito pequeno-burguês: arrogante, submisso aos ricos, desdenhoso dos 'comuns', e eternamente à beira de um colapso nervoso. Não por acaso, a série permanece cultuada décadas após sua curta exibição original, com apenas 12 episódios, influenciando gerações de roteiristas e humoristas que viram ali um modelo quase perfeito de timing cômico e construção de personagem."
“¡¿QUÉ?!"/ “WHAT?!”: OS RUÍDOS COMUNICACIONAIS VERBAIS E NÃO VERBAIS. O DITO, O NÃO DITO E O INDIZÍVEL.
"What?!" ou “¡¿Qué?!”, a interjeição de espanto, incompreensão ou frustração atravessa fronteiras linguísticas e culturais, condensando em uma única palavra ,o colapso da comunicação. Em Fawlty Towers (BBC, 1975–1979), essa expressão (e suas variantes) emerge como sintoma dos múltiplos ruídos — verbais, não verbais, culturais e ideológicos, que tensionam e sabotam o funcionamento comunicativo no universo ficcional da série.
Explorando o dito, o não dito e o indizível em categorias analítico-discursivas, iluminam o jogo de significação instaurado entre personagens, situações e enunciações.
Ao articular elementos do humor britânico com convenções do teatro do absurdo, Fawlty Towers faz da falha comunicacional seu motor narrativo. A partir de cenas emblemáticas e diálogos marcados pela incompreensão mútua, especialmente entre Basil Fawlty e Manuel, o garçom espanhol, investigamos como os ruídos tornam-se mecanismos estruturantes da narrativa e vetores de crítica social, sobretudo no que tange às relações de classe, poder e alteridade.
Para saber mais:
https://www.bbc.co.uk/programmes/b006xxvg
https://www.imdb.com/pt/title/tt0072500/